Mulheres são quase 80% dos servidores da Prefeitura de Curitiba e 1.800 delas se chamam Maria 08/03/2024 - 16:09

A Prefeitura de Curitiba tem uma equipe de mais de 21 mil mulheres em seu quadro. Elas representam 79,5% dos profissionais que atendem a população nas mais diversas áreas, nos mais remotos locais, nos 75 bairros da cidade. São professoras, médicas, enfermeiras, guardas, engenheiras, agentes administrativos e dezenas de outras atividades fundamentais para o funcionamento da área pública municipal e ao atendimento da população. Cerca de 1.800 delas se chamam Maria, assim como 11,7 milhões de brasileiras, segundo o IBGE.

“As mulheres da Prefeitura são um orgulho para nós. Elas estão presentes em tudo o que fazemos e, consequentemente, são também responsáveis pelas conquistas da nossa amada Curitiba – cidade inteligente, solidária, acolhedora, responsável, sustentável”, comemora o prefeito Rafael Greca.

As mulheres também são um contingente significativo de profissionais em cargos de chefia e de assessoramento, que totalizam cerca de 4,6 mil. Mais de 60% desse total, aproximadamente 2,8 mil, são mulheres. Dentre elas estão as secretárias, presidentes de autarquias e fundações, administradoras regionais, superintendentes e diretoras.

O dado de 2024 reflete uma característica perene da Prefeitura de Curitiba: as mulheres sempre foram muitas, ao longo do tempo. Ainda assim, os desafios são muitos.

A promotora cultural Dilma Martins dos Santos, 66 anos, conta que já teve de enfrentar episódios de assédio no decorrer de sua trajetória de quase 43 anos como servidora. “Eu fingia que não via. Hoje a situação não é mais a mesma, cria-se o respeito”, relata. 

Ela iniciou como estagiária e, desde 1981, é servidora da área cultural. Começou na promoção de atividades como contação de histórias, fantoches e colagens em espaços culturais de Curitiba. Depois, passou para a área de literatura, na qual ficou por quase 30 anos. Mais tarde, trabalhou no Teatro Universitário de Curitiba (TUC) e há quase 14 anos atua no Clube de Xadrez Erbo Stenzel.

No início da carreira, conta, ela percebia uma disparidade entre homens e mulheres no campo de trabalho dela. “Havia mais homens do que mulheres. As mulheres negras eram pouquíssimas, dava para contar na mão. Hoje em dia, a proporção entre os gêneros é quase igual. As mulheres ocupam as áreas de informática, direção e são instrumentistas também”, constata.

 

1.800 Marias

Assim como Dilma, outras mulheres assistiram e também foram protagonistas dos desafios enfrentados pelas mulheres e das transformações do ambiente de trabalho na Prefeitura. A enfermeira Maria Inês Caporal Alberti, 66 anos, e a professora Maria Agostinha Drulla, 61, fazem parte desse grupo. As duas Marias estão entre as cerca de 1.800 mulheres servidoras que têm Maria no nome.

 

Maria Agostinha

Maria Agostinha carrega no nome homenagens às avós (uma delas era Maria, a outra, Agostinha). “Sou de família pobre, meu pai era lavrador. Minha mãe foi sempre muito batalhadora. Para os dois, a nossa educação (minha e dos meus irmãos) sempre foi fundamental. Eu sabia que precisava fazer diferente dos meus pais. Hoje me considero vitoriosa e tenho orgulho da minha história”, revela a atual vice-diretora do CEI Raoul Wallenberg, no Butiatuvinha.

Nascida no bairro vizinho do Orleans, a professora Maria tem 42 anos de história na Educação de Curitiba. Ela já lecionou para mais de 500 alunos em sala de aula e foi diretora escolar de outros 9.200 estudantes. Bem conhecida na região, ela foi professora de pais e de avós de crianças que hoje frequentam a unidade dirigida por ela. “Me sinto pertencente a esta comunidade”, completa.

Maria Agostinha ocupa funções de direção na mesma escola desde 2000 e reflete sobre as diversas mudanças que observou nesse período: o contexto, as crianças, a educação e o currículo. “Tivemos muitos desafios aqui, momentos difíceis. Fui amadurecendo com o tempo, busquei uma gestão compartilhada e sempre tive empatia com todos.”

Diante desses desafios, ela pondera sobre uma trajetória comum a tantas mulheres. “A gente tem o ônus da nossa caminhada. Muitas de nós, assumimos responsabilidades demais, muitas vezes, mais do que damos conta. E em muitas situações, as coisas não dependem só de nós”, argumenta.

 

Maria Inês

Servidora desde 1978, há 46 anos, Maria Inês começou na educação e ingressou na saúde em 1985, na época, Departamento de Desenvolvimento Social. A Secretaria da Saúde foi criada no ano seguinte.

Segundo a enfermeira, ela sempre teve a escuta bastante aguçada, o que foi um facilitador para o seu trabalho. “Gosto de ouvir com atenção e costumo me colocar no lugar do outro. Acho que isso ajudou na caminhada profissional. Às vezes, o que a pessoa precisa é de apoio”, avalia.

Maria Inês trabalhou sete anos na Unidade Vila Pinto, hoje Capanema. Depois, veio a Unidade Campina do Siqueira, que funcionava noutro endereço, diferente da atual unidade. Foram 23 anos na Unidade Santos Andrade, no Campo Comprido: uma história longa e feliz, onde ela fazia até mesmo partos em domicílio.

Em cada um dos locais por onde passou, ela vê vitórias e conquistas. “Na Vila Pinto, foi uma história bonita. Em parceria com outras áreas, como Urbanismo, nós mapeamos a comunidade. Até hoje encontro moradores que lembram de mim”, diz a enfermeira que há quatro anos integra a equipe da Unidade Vila Sandra, no bairro Cidade Industrial.

A passagem por cada local e as diferenças entre as comunidades atendidas foram importantes na história profissional. Sem contar a transição de assistente de enfermagem para enfermeira. “No começo foi um choque. Aos poucos, fui aprendendo com outras mulheres. Com o tempo, ganhei confiança, fui me entrosando e ganhando espaço”, detalha a enfermeira, que guarda na voz tranquilidade e segurança.

Maria Inês avalia que muita coisa melhorou na área da saúde ao longo dos anos. “A estrutura, o acesso para o usuário, e aspectos relacionados aos servidores”, afirma.

As duas Marias, Inês e Agostinha, têm em comum a busca constante por novos aprendizados durante a sua trajetória. Maria Agostinha já se aposentou em um dos padrões como professora. Maria Inês tem adiado todo ano a decisão de se aposentar. “O trabalho me preenche. Encontro alegria aqui, somos uma família”, conclui a enfermeira.

 

Fonte: Prefeitura Municipal de Curitiba