Mulheres já são maioria no mundo dos jogos digitais 02/06/2022 - 20:00

As mulheres já são maioria entre os jogadores de jogos digitais, no Brasil, somando 51% do total, conforme mostra a 9ª edição 2022 da Pesquisa Game Brasil (PGB). O objetivo da pesquisa é investigar o perfil demográfico, sociocultural e comportamental do consumidor de jogos digitais brasileiros.

Segundo o relatório, ao longo dos anos, a PGB demonstrou que as mulheres estão com uma pequena dominância entre os jogadores. “Essa maioria feminina está relacionada com o tamanho do mercado de smartphones, onde existe um volume expressivo de mulheres e também com as características gerais da população do Brasil.” No Brasil, o smartphone é a principal plataforma de jogos digitais, impulsionada pela ascensão da classe C. Depois vêm os consoles e os computadores.

Entre os jogadores que usam o smartphone, as mulheres correspondem a 60,4%, contra 39,6% dos homens. Já no console (videogame) ou computador os homens são maioria, com 63,9% e 58,9%, respectivamente.

Esse é o caso da servidora pública Anielle Luniere Santiago Aufiero, 32, que joga principalmente por jogos mobile, mesmo preferindo o console por trazer mais realidade ao jogo, com qualidade de imagem e áudio.

A pesquisa mostra também que os homens tendem mais a se considerar um Gamer, com 55,6% dos entrevistados. Contudo, quando o questionamento é voltado às usuárias apenas de smartphone, há um elevado percentual de mulheres que se consideram Casual Gamer, com 70,7%. Destas, a maioria das usuárias tem entre 20 e 24 anos, e 78,2% usam o sistema operacional Androide.

Apesar de Anielle não se considerar uma Gamer profissional, ela já participou de clã (grupos de jogadores nos games através da rede) competitivo que era voltado para campeonatos. Ano passado, ela jogou três camps: em dupla feminino, um misto e o Call of Duty: Mobile World Championship 2021. Porém, também participava de partidas com outros clãs duas vezes na semana. A line-up (time) de Anielle era composta só por mulheres entre 18 e 31 anos. Agora ela faz parte do clã “OyS – Olympus Sports” que não está voltado para o competitivo.

Apesar do número de mulheres no mundo dos jogos digitais ser maioria, quando se trata de jogar na infância, elas ficam muito atrás. Isso porque, dentre os filhos dos pais entrevistados, 73,8% dos pequenos jogadores são meninos.

Anielle, por exemplo, começou a jogar na infância, mas por influência dos primos. “Não tenho lembrança com exatidão da idade que iniciei no mundo dos games, mas lembro de sempre estar com um controle de videogame na mão. Consigo lembrar do primeiro controle de videogame que peguei, foi o controle do Atari 2600”, recorda.

Ela ainda vê hoje uma dominância masculina no mundo dos jogos digitais. Atualmente ela está jogando COD – Call Of Dutty mobile, e o cenário continua dominado por homens e o ambiente ainda tem hostilidade com mulheres. “Diversas vezes sofri assédios em partidas online por texto ou áudio. Porém, também existem muitos homens que acolhem, inclusive, se envolvem nas discussões em defesa. O que percebo é que na maior parte das vezes há um certo incômodo por parte de homens quando perdem para mulheres, e nessas situações que costumo receber discursos machistas e xingamentos”, relata

Contudo, a servidora pública fica muito otimista quando compara os tempos atuais com a época em que iniciava nos jogos on-line. “Quando iniciei muitas mulheres não utilizavam fotos, nome e nada que especificasse o gênero para não serem identificadas como mulheres. Hoje, isto já não é algo tão recorrente, apesar de ainda existir, mas essa nova geração já se sente mais segura para se identificar com seu gênero. Inclusive, o mercado está apostando em eventos voltados para este público.”

A pesquisa PGB foi realizada online, em todo território nacional, entre 11 de fevereiro e 07 de março. Foram pouco mais de 13 mil participantes. A PGB existe desde 2013, e é desenvolvida pelo Sioux Group e Go Gamers, em parceria com Blend New Research e ESPM.