Mulher, cuide do seu coração o ano inteiro 28/05/2022 - 11:00

Neste sábado (28), será celebrado o Dia Internacional de Ação pela Saúde da Mulher. Os problemas cardíacos matam sete vezes mais mulheres do que o câncer, sendo estipuladas, no Brasil, duas mortes a cada 12 minutos, a maior taxa da América Latina, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Em 60 anos, a proporção de mortes por doenças cardiovasculares em mulheres aumentou 37%. As jornadas diárias exaustivas com trabalho, cuidado com a família e afazeres domésticos, elevam os níveis de estresse que, aliado ao sedentarismo e má alimentação, comprometem a saúde do coração. O tabagismo e consumo excessivo de bebidas alcoólicas tornam a situação mais grave. No Paraná, houve aumento no número de mortes por doenças no aparelho circulatório, passando de 9.494, em 2017, para 10.291, em 2021.

TIPOS DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES – As doenças no aparelho circulatório são as que mais matam mulheres no Brasil. De acordo com a OMS, essas doenças cardiovasculares incluem as enfermidades coronarianas (ou seja, dos vasos sanguíneos que irrigam o coração); cerebrovascular (dos vasos sanguíneos que irrigam o cérebro); de membros arterial periféricos (dos vasos sanguíneos que irrigam braços e pernas); danos no músculo do coração e em válvulas cardíacas devido à febre reumática, causada por bactérias estreptocócicas; as cardiopatias congênitas (malformações na estrutura do coração, existentes desde o nascimento) e os casos de trombose venosa profunda e embolia pulmonar (coágulos sanguíneos nas veias das pernas, que podem se desalojar e se mover para o coração e pulmões). 

Conforme dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia, disponibilizados pela Secretaria da Saúde do Paraná, os sintomas de doenças cardiovasculares em mulheres podem ser resumidos a uma dor mais genérica e de difícil diagnóstico, o que faz com que muitas nem sequer procurem ajuda médica ou não sejam tratadas corretamente. É preciso atenção aos sintomas do infarto, que no sexo feminino geralmente diferem da clássica dor no peito relatada por homens e podem ser: náuseas, vômitos, dor nas costas e no pescoço, falta de ar e indigestão.

Ainda,o infarto do miocárdio está bastante relacionado a sintomas atípicos, tais como: ardência na pele, dor no pescoço, nos ombros, no rosto, na mandíbula, e, posteriormente, falta de ar, fadiga incomum e até mesmo palpitações. Esses sintomas são apresentados com mais frequência pelas mulheres do que pelos homens.  Muitas vezes, o infarto pode ser associado com o estresse mental, emocional e psicossomático. 

Conforme a SBC, o coração, no sexo feminino, merece atenção e cuidados diferenciados, pelo fato desse órgão da mulher ser ligeiramente menor, pesar menos e ejetar menos sangue, já que a superfície corpórea feminina costuma ser menor do que a dos homens. A circulação coronariana também é diferente e é mais estreita que a masculina.  Segundo relatório da Associação Americana de Cardiologia, nos indivíduos que infartaram, a porcentagem de uma recorrência é de 17% para homens e 21% para mulheres, e são as jovens que necessitam de atenção. 

Estudo da SBC mostrou que, em 2020, a predominância de doenças cardiovasculares é muito maior nas mulheres entre 15 e 49 anos, e que o número de mortes  por doenças isquêmicas vem aumentando nas mais jovens, como o infarto do miocárdio. Porém, as mulheres procuram o atendimento mais tardiamente que os homens. Eles normalmente vão menos ao médico, mas, nos casos de sintomas de doenças cardiovasculares, eles são mais ágeis que as mulheres na busca por uma unidade de saúde.

FATORES DE RISCO E PREVENÇÃO - Segundo a OMS, os fatores de risco comportamentais que mais contribuem para o desenvolvimento das doenças cardiovasculares são as dietas inadequadas, sedentarismo, uso de tabaco e uso nocivo do álcool. Os efeitos destes fatores comportamentais de risco podem se manifestar por meio de pressão arterial elevada, glicemia alta, hiperlipidemia, sobrepeso e obesidade. Essas doenças são mais prevalentes nas classes sociais menos favorecidas da população, sendo considerável o aumento da incidência de doenças cardiovasculares após a menopausa. 

A melhor forma de prevenção das doenças no aparelho circulatório é a realização de exercícios físicos com regularidade, o que diminui o estresse e pode aumentar de 20% a 40% a proteção contra doenças cardiovasculares. O consumo de frutas, legumes e verduras reduz em 30% o risco de infarto. 

E caso sinta  algum dos sintomas mencionados no texto, procure a unidade de saúde mais próxima de sua casa. 

REFLEXO DA PANDEMIA – Conforme dados do inquérito Covitel, entre o período pré-pandemia e o 1º trimestre de 2022, o consumo de legumes e verduras caiu 12,5% na população em geral. O que também diminuiu foi a prática de atividade física, com redução de 21,4% na proporção de pessoas que cumprem o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de pelo menos 150 minutos de atividade de intensidade moderada por semana. Chamam atenção ainda as mudanças na saúde mental, com o diagnóstico de depressão aumentando entre os adultos brasileiros. Ao mesmo tempo, outros índices que vinham melhorando nos últimos anos, como o tabagismo, tiveram a tendência positiva interrompida, se mantendo estagnados.