Dublagem: da primeira mulher às produções de uma curitibana 29/06/2022 - 16:43

Hoje (29), comemoramos o Dia do Dublador, e, no Brasil, a dublagem de filmes estrangeiros começou em 1938. Já no primeiro longa-metragem dublado, a personagem protagonista era uma mulher, que foi dublada por Dalva de Oliveira, a rainha do rádio daquela época. Ela deu voz à Branca de Neve, no filme do desenho animado Branca de Neve e os Sete Anões, de Walt Disney. Na televisão, que chegou bem depois, o primeiro programa exibido em português foi a série americana Ford na TV, em 1958. Na equipe, também havia a figura feminina com as dubladoras Cibele Silva e Ilka Ferreira.

Hoje, muitas mulheres estão nesse mercado e, em Curitiba, temos até o estúdio e escola Dublagem Curitiba, fundados por uma mulher, Mônica Placha, de 55 anos. Atriz, produtora-executiva, dubladora e diretora de dublagem é formada em Artes Cênicas pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná e trabalha no setor desde 2004. Ela não esconde a paixão pelo que faz e o motivo está no fato de saber que seu trabalho torna os conteúdos acessíveis para a população.

Após trabalhar por cinco anos em São Paulo (SP), ela retornou a Curitiba e já tem no currículo quase 80 títulos em diversas plataformas como Netflix, Amazon Prime, Estúdios Universal, Canal Futura etc. “Dentre todas, as que eu mais gosto são: O Rei das Drogas (Netflix), e duas que vão estrear em breve no Canal Futura: os contos do Yeti e Ousadas”, destaca.

O mercado de dublagem está em ascensão no País, já que 80% dos consumidores de audiovisual preferem os vídeos dublados. A preferência, segundo a profissional, se deve ao fato de a dublagem deixar o conteúdo mais palatável e jogar a cultura de outro país dentro da nossa linguagem. O problema é que, conforme Mônica, ainda faltam talentos aptos na qualidade de interpretação, dicção e bom entendimento de cena.

Apesar de o eixo do setor ser São Paulo e Rio de Janeiro, a empresária afirma que as gravações remotas estão reduzindo essas barreiras. Por isso, vê a necessidade de se construir um mercado mais sólido no Paraná. “O Paraná ainda não entendeu o que precisa ser feito e ponderado para poder ser considerado um mercado robusto. Mas, estamos apenas começando, temos seis ou sete anos, frente a SP e RJ, que têm 80 anos de história na dublagem”, pondera.

Atualmente, a profissional desenvolve uma pesquisa sobre a abrangência e a popularização no Brasil dos K Dramas (produções feitas na Coreia do Sul). Ela presentou, em 2020, o resultado de suas pesquisas no Busan Content Market, um dos maiores eventos asiáticos voltado para a distribuição de produções asiáticas.

MULHERES NA DUBLAGEM - A técnica da dublagem passou a ser natural no mundo do desenho animado, principalmente. Hoje, muitas animações ganham voz de atores e atrizes famosos, entre eles temos algumas mulheres como Marieta Severo, que fez a voz da icônica vilã Yzma, de “A Nova Onda do Imperador”. A cantora Iza, que deu a voz para Nala, de “O Rei Leão”, que, na versão americana, foi feita por Beyoncé.

Contudo, a maior parte das dublagens é feita por profissionais no setor que não são famosos nas artes cênicas. Entre as mulheres mais conhecidas temos Miriam Ficher, que faz a voz oficial de Angelina Jolie, Velma (Scooby-Doo) e da atriz Karuna Thurman; Flávia Saddy faz as vozes da Mulher-Maravilha, Lisa Simpson e Supergirl; e Selma Lopes é responsável por dar voz à Marge Simpson e da atriz Whoopi Goldberg.